O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, dezembro 30, 2016

o novo ano...?



O Novo Ano

Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse no ventre morte, peste e guerra. Morte à senilidade idealista e à retórica embalsamada; peste para um certo código cultural que age sobre os grupos e os transforma em colectividades emocionais; guerra à recuperação da personalidade duma cultura extinta que nada tem a ver com a cultura em si mesma.
Eu desejaria que o Novo Ano trouxesse nos braços a vida, a energia e a paz. Vida o suficientemente despersonalizada no caudal urbano ...para que os desvios individuais não sejam convite ao eterno controlo e expressão das pessoas; energia para desmascarar o sectarismo da sociedade secularizada em que o estado afectivo é mais forte do que a acção; paz para os homens de boa e de má vontade.

(31 de Dezembro de 1979)
Agustina Bessa-Luís, in 'Caderno de Significados'

quinta-feira, dezembro 29, 2016

A FALTA DO FEMININO ONTOLOGICO



TODO O DRAMA DO MUNDO:

Para mim o maior drama que se vive no mundo, o essencial do drama de toda a humanidade deve-se   muito e simplesmente  à falta da Mãe do Mundo, à falta de respeito pela Mãe e a Mulher e a falta de consciência do que seja a essência feminina. Essa essência feminina que tanto é necessária na mulher como no homem, foi  paulatinamente destruída e sonegada pelas leis regras e normas criadas pelo Homem e o Sistema Patriarcal.
É devido à grande traição feita ao Principio Feminino o Lado Feminino da Humanidade, que, ao renegar os seus valores  fez com que o homem se tornasse um ser estéril,  incapaz de amar e de se expressar e rever no seu lado sensível e compassivo, continuando a senda da conquista do mundo e domínio da mulher pela força, impondo  a lei  do predador.

Não, nós seres humanos, homens e mulheres, não queremos ver que todo este caos todo este drama actual do mundo tem tudo a ver com a tremenda alienação de si mesmas das mulheres de hoje, e da falta  dessa essência feminina e assim vemos  mulheres comuns, intelectuais, jornalistas, doutoras e advogadas e mesmo escritoras  na total ignorância do que é SER MULHER em si, sem qualquer consciência do Feminino Sagrado, e este é o estado dramático a que chegámos dentro do Sistema patriarcal presas desta alienação global, nesta subcultura que é divulgada e propalada nas televisões e cinema em geral, em que a mulher é só e apenas objecto sexual, objecto de consumo e já nem precisa de ser prostituta porque ela encarna agora totalmente a mulher objecto, fácil e livre, sem qualquer preço, receio nem dignidade e com a maior desenvoltura do sex-appeal barato...nas ruas e nas cidades.
Esta foi sem dúvida a "grande"  armadilha em que a mulher caiu ao achar que tinha conquistado a igualdade de género, tão defendida pelas feministas, que continuam a negar o seu erro, sem querer ver como afinal o reivindicar de uma pretensa igualdade de género - que devia ser apenas de direitos e de salários iguais - projectou a mulher numa masculização de si tanto a nível psicológica como a nível da sua imagem (que corresponde ao imaginário masculino) sem precedentes na história e que a desviou completamente da sua natureza ontológica e profunda, para responder apenas a padrões patristas e a referências do mundo masculino, cujo imperativo é só de ordem material e bélica...
Mulheres iguais aos homens, e com todo o seu apoio...
Mulheres capazes...de tudo. Até de ir a Guerra e matar...

rlp

Quando o feminino não é valorizado a terra morre...

“O desequilíbrio das nossas instituições fundamentais, que reflectem um Deus pai no topo de uma trindade totalmente masculina, teve uma influência devastadora no mundo Ocidental. Com o rápido desenrolar dos acontecimentos devido a avanços da ciência nos últimos trezentos anos e especialmente nos últimos cinquenta, a fractura na sociedade Ocidental e na psique humana tornou-se cada vez mais evidente. A poluição do planeta e ...o abuso flagrante das nossas crianças estão intimamente relacionados com esta falha fundamental .(...)
Uma das realidades mais tristes da nossa cultura é que a ascendência do masculino ferido levou à exaustão emocional. Onde o feminino não é valorizado, um homem não tem verdadeira intimidade com o seu oposto, a sua outra “metade”. Muitas vezes, não pode canalizar as suas energias na direcção de uma relação amorosa visto que o seu parceiro, supostamente, não tem valor. Privado do seu oposto igual porque o feminino é visto como inferior, o macho frustrado predominante fica esgotado: “onde o sol brilha sempre, há um deserto”. As florestas secam, os rios secam, o solo estala. A terra morre.”
In MARIA MADALENA E O SANTO GRAAL Margaret Starbird

A maçã da árvore do Conhecimento





Morangos na Casa Grande.

Numa grande taça de vidro, polvilhados com açúcar, oferecido a quem estava ali a despedir-se da casa grande.
O que era a casa grande?
O que eram esses morangos, de um último adeus?
E o que éramos nós, a ir embora, mas comendo morangos, antes de partir?
Em algumas tradições os morangos são o alimento dos índios, no Verão, e figuram por isso uma boa Estação.
No culto dos mortos de uma determinada região dos índios de Ontário diz-se que a alma de um defunto permanece consciente enquanto se encaminha para o país dos mortos, até que chega a um morango enorme. Se o defunto tocar nesse fruto esquecerá o mundo dos vivos e nunca mais voltará à terra. Se não tocar nesse fruto poderá regressar à terra onde viveu.


No dicionário dos símbolos de Jean Chevalier/Alain Gheerbrant  faz-se uma aproximação deste mito ao descrito no hino homérico dedicado a Deméter, cuja filha,  Persephone foi condenada aos infernos por ter comido um bago de romã. Os mortos não devem comer os frutos dos vivos, conclui-se na entrada deste dicionário.
Mas a mim fica-me uma interrogação: pois são os vivos que ao comerem são castigados com o que se pode chamar de inferno:
Adão e Eva, comendo o fruto proibido ( a maçã da árvore do Conhecimento) são expulsos do Éden, e a terra será a sua forma de inferno.
Quanto aos mitos dos índios:
o morango é o alimento da boa estação, e afinal só a quem já morreu estaria oferecido esse alimento. Poderia, ou teria mesmo, de ir ao seu encontro e provar dele para obter a vida eterna no céu.
Num como noutro caso, o mito pagão, o mito judaico-cristão- ambos apontam uma mudança de estado, uma transformação, envolvendo vida e morte ou morte e ressurreição.
Recordo aqui os Morangos Silvestres de Ingmar Bergman, o filme genial em que vida e morte (podemos estar mortos ainda em vida) se cruzam com intensidade quase feroz de tão colorida.
Mas o que dizer da Casa Grande, de que se vai sair, e de uma última despedida já feita na cozinha, onde os morangos serão oferecidos?
Para Gaston Bachelard a casa representa o ser interior, com as caves, os andares e os sótãos figurando os diversos estados de alma. Sendo a cave o inconsciente e o sótão a elevação espiritual.
A casa é ainda uma figuração do Feminino, refúgio, protecção, um corpo maternal.
Para este nosso caso é mais interessante a interpretação alquímica, lendo a casa como o todo do ser, mas em especial a cozinha, onde se dá a última despedida e a oferta da taça de morangos, como o lugar das transmutações, das transformações psíquicas - um momento de evolução interior.

(...)


(Lisboa, 30 de Setembro, 2015)
in SIMBOLOGIA E ALQUIMIA - Yvette K. Centeno

(Imagem do filme Morangos silvestres)


O MAR



MULHER

Quando o ventre é o mar
Quando o ventre é a água
salgada
numa boca
Quando o ventre é a fonte
Quando o ventre é a forca.

Yvete K. Centeno

terça-feira, dezembro 27, 2016

A SOLIDÃO ESCOLHIDA


ESTAR SÓ É ESTAR PERTO DA NATUREZA



"A solidão não é ausência de energia ou de ação como alguns pessoas pensam, mas uma abundância de  recursos selvagens interiores que a alma nos transmite. Em tempos antigos, tal como sabemos através dos escritos dos médicos-curandeiros religiosos e místicos, a solidão deliberada era não apenas paliativa mas também preventiva. Era escolhida para curar a fadiga e evitar o cansaço. Também era utilizada para se poder entrar em contacto com um oráculo, como um meio para ouvir o eu interior e pedir conselhos a um guia impossíveis de  escutar  no meio do barulho da vida quotidiana...
Se praticarmos habitualmente a solidão de forma deliberada, promovemos o nosso diálogo com a alma profunda que se aproxima de nós. E  fazemos isso não só para "estar perto " da natureza  genuína  da alma mas também, como na tradição mística desde  tempos imemoriais, para tirar dúvidas e para que a alma nos aconselhe."

Clarissa Pinkola Estés
Mulheres que correm com os lobos ( C. 9)

segunda-feira, dezembro 26, 2016

PORQUE SE SUICIDAM AS MULHERES?



"São mulheres na entrada para a terceira idade quem mais cometem suicídio. Isso porque a ilusão do lar perfeito ou a busca dele cessa, e chegam os momentos de solidão necessária que muitos confundem com abandono. Já vi muita avó que os netos detestam postando casa cheia. E há fases na vida de casa cheia seguidas do ninho vazio.
Mas continua sendo prática comum postar os casamentos para sempre e esconder os divórcios sangrentos. "*

(...)
A montra da vida era "antigamente, a imagem social das aparências ..a vida familiar escondia-se...como o lixo para debaixo do tapete. Ninguém revelava as suas misérias...e achei curioso este excerto referir já como forma de vida social a internet e o facebook, em que se posta uma suposta felicidade e a miséria fica oculta...as dores e o sofrimento. Como vemos, a mentira grassa e o que importa as pessoas é a imagem. Nada mudou ao fim e ao cabo...das tormentas.
Mas não era sobre isso que eu queria falar hoje...não. Era sobre porque se suicidam mulheres a partir de uma certa idade, e como a autora do texto refere, a solidão, o abandono dos filhos e do marido etc., e a mulher fica só como seu vazio...Sim, era aqui que eu queria chegar: O VAZIO DA MULHER. A mulher sem identidade, a mulher anulada, a mulher dividida, a mulher separada, banida ou deixada pelo amante, marido, que toda a vida foi serva do homem e que já não serve para nada...A Mulher Velha...que já não tem préstimo para nada?
Sim, essa Mulher mata-se porque já está morta...e é isso que temos de compreender e é isso que temos de encarar...que não vivemos senão em função dos outros e quando envelhecemos já nõa temos serventia para nada...a não ser criadas das filhas...e babás dos netos, etc.
É para essas mulheres que eu falo tantas vezes...para as mulheres que não são nada...e as que não se afogam em prosac ou antidepressivos ou fazem operações plásticas e se deformam para agradam ao predador macho...todas essas vias são de destruição, são de alienação, são de suicídio lento..
PORQUÊ?

Porque se suicida a mulher se mutila se despreza se castiga ou se mata? O que é que tem a mulher de errado? Porque que é que as mulheres se destroem a si próprias de tantas maneiras ? Porque desistem de viver as mulheres?

A resposta urge...
E a resposta pode estar neste Blog...

Mulheres e Deusas trata exaustivamente deste drama...encontrem as respostas...
rlp

O texto na integra:

* Miriam M. Morais, via Eros Lang

"Não, amiga, a vida não é sempre cor-de-rosa". Eu gostaria de ter dito a ela, nossa amiga que acaba de cometer suicídio em véspera de Natal.
Já vi colegas dizendo aqui que face não é lugar para despejar tristezas. Ok, desde que também não despeje suas alegrias... Pode ser? Porque senão vira um reino encantado de hipocrisia onde muitos não reconhecerão o próprio universo e vão se considerar fracassados. Se você seleciona o bom e rejeita, exclui, esconde o ruim, isso não é vida, não é ser integral, é ostentação.
Tenho mais pudores em postar minhas felicidades do que os momentos ruins, isso em função da utilidade. Mostrar que há dias cinzas que passam é mais pertinente do que alegrias que muitos postam como símbolo de sucesso.
São mulheres na entrada para a terceira idade quem mais cometem suicídio. Isso porque a ilusão do lar perfeito ou a busca dele cessa, e chegam os momentos de solidão necessária que muitos confundem com abandono. Já vi muita avó que os netos detestam postando casa cheia. E há fases na vida de casa cheia seguidas do ninho vazio.
Mas continua sendo prática comum postar os casamentos para sempre e esconder os divórcios sangrentos. É comum mostrar os filhos lindos e bem sucedidos e esconder os desaforos e momentos de indiferença deles.
Tudo é construção social. Somos espelhos uns dos outros, por isso é preciso pensar no que de fato faz sentido exibir, se nossos troféus não deveriam ser mais íntimos ou postados com o preço que custam, o esforço que demandam.
A última postagem dessa amiga fala de ausências, natal se família, filho ausente e desesperança.
Seria bom se ela soubesse que há dias cinzas, que todo mundo conhece dias cinzas e que fincar as bases da felicidade num só pilar é sempre risco de desmoronamento.
Lamento imensamente por "elas". São casos cada vez mais comuns a desistência de vidas só porque não parecem se encaixar no modelo perfeito ostentado por tantos."

sexta-feira, dezembro 23, 2016

TÃO LONGA A JORNADA...




"Aprendi a conhecer o poder extraordinário que a palavra tem e adquire consciência da responsabilidade que a palavra gera. Ela tem valor presente e um alcance futuro incalculável. O que dizemos deixa marcas indeléveis na inteligência e na sensibilidade dos outros."


Tão longa a jornada!
E a gente cai, de repente,
No abismo do nada.
Helena Kolody -

A VIDA VERDADEIRA




SÓ PARA AS INICIADAS…

“Conheço também um modo de vida que é suave orgulho, graça de movimentos, frustração leve e contínua, de uma habilidade de esquivança que vem de longo caminho antigo. Como sinal de revolta apenas uma ironia sem peso e excêntrica. Tem um lado da vida que é como no inverno tomar café num terraço dentro da friagem e aconchegada na lã. 

Conheço um modo de vida que é sombra leve desfraldada ao vento e balançando no chão: vida é sombra flutuante, levitação e sonhos no dia aberto: vivo a riqueza da terra.

Sim, a vida é muito oriental. Só algumas pessoas escolhidas pela fatalidade do acaso provaram da liberdade esquiva e delicada da vida. É como arrumar flores num jarro: uma sabedoria quase inútil. Essa liberdade fugitiva de vida não deve ser jamais esquecida: deve estar presente como um eflúvio.
Viver esta vida é mais lembrar-se indirecto dela do que viver directo. Parece uma convalescença macia de algo que no entanto poderia ter sido absolutamente terrível. Convalescença de um prazer frígido. Só para os iniciados a vida então se torna fragilmente verdadeira.” (…)

CLARICE LISPECTOR
AGUA VIVA

O NATAL DATA DE HÁ MAIS DE 7 MIL ANOS...



A HISTÓRIA DO NATAL
E O SOLSTÍCIO DE INVERNO


"A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus.
É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de dezembro.
Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o "renascimento" do Sol. Num tempo e...m que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte. E então era só festa.
Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano."

quinta-feira, dezembro 22, 2016

A MULHER...



UMA LONGA APATIA de 1933 a 2016

(...)

"O recente despertar da mulher da sua longa apatia trouxe à tona poderes latentes que, muito naturalmente, ela está ansiosa por desenvolver e aplicar na vida, tanta para sua própria satisfação e vantagem, como para aumentar a sua contribuição à vida do grupo. Esse passo adiante no desenvolvimento consciente não acontece sem dificuldades e obstáculos. Ela afastou-se da velha e bem estabelecida maneira de conduta e adaptação psicológica da mulher, e se acha hoje atacada por problemas que nem ela mesma e nem as mulheres pioneiras que iniciaram o movimento pela emancipação da mulher previram. Essas mudanças tem produzido para a mulher um inevitável conflito interno entre a necessidade de se expressar através do trabalho , como um homem faz, e a necessidade interior de viver de acordo com a sua própria natureza feminina. Esse conflito parece condicionar toda a experiência de vida para todas aquelas mulheres modernas que estão totalmente cientes de si mesmas como indivíduos conscientes. Para elas uma vida unilateral não é suficiente; o conflito entre as tendências opostas do masculino e do feminino dentro delas tem de ser encarado. Não podem resumir os valores do feminino àqueles velhos padrões instintivos e inconscientes. Conseguindo um novo grau de consciência, saíram do fácil caminho da natureza. Se pretendem ter contacto com o seu lado feminino perdido, isso preciso ser feito pelo duro caminho de uma adaptação consciente.

Os problemas de adaptação, surgindo da recente dualidade na mulher, tem que ser necessariamente tratados sob o seu aspecto moderno. A necessidade de reconciliação dessas duas partes da natureza feminina é um problema secular (a cisão da mulher em duas -nota pessoal); e é somente na sua aplicação na vida prática que o aspecto moderno surge. Basta olhar para debaixo do verniz da vida contemporânea para se encontrar o mesmo problema num nível mais profundo. Não é um problema de adaptação da mulher ao mundo do trabalho e do amor, esforçando-se para dar o mesmo peso a ambos os lados da sua natureza, mas sim uma questão de adaptação aos princípios femininos e masculinos que interiormente governam a sua subjectividade. Ela tem de voltar-se para quele material subjectivo que foi rejeitado, que para os cientistas do sec. XX eram somente superstição ou uma questão de humores. " *




* texto retirado de OS MISTÉRIOS DA MULHER de M. Esther Harding

A MULHER E OS MISTÉRIOS...



PORQUE NÃO CREIO NA MULHER MODERNA...
Porque a mulher moderna perdeu a Chave dos Mistérios, há séculos...

Porque a mulher moderna se encontra separada da sua essência divina...
Porque a mulher moderna ignora a sua capacidade de mediadora das forças cósmicas e telúricas e esqueceu a sua origem ligada à Grande Mãe e à Deusa nas diferentes facetas a que a sua idade e etapas de vida correspondem.
Porque a mulher moderna pensa-se dona de si mesma e não é...pensa-se liberta e não é, pensa-se emancipada e não é...Ela continua presa e dominada por tudo o que a sociedade lhe diz ser o sentido da sua vida sem que ela seja nada...
A mulher moderna inclusive, a mulher que vestia mini-saia e saia à  rua sozinha à noite nas grandes cidades, Londres, Berlim ou Paris está a ser ameaçada pelos fundamentalistas islâmicos - está a ser coartada dessas liberdades cada dia mais e está a regredir em todos os lugares, relegada a casa e ao medo...continuando a  ser manipulada de todas as maneiras e formas desde o mais alienado e sofisticado da sua imagem adulterada por tudo o que é publicidade e moda...cinema e arte...à moral vigente e católica que de novo a quer manietar da sua capacidade de decisão sobre o seu corpo, o seu sexo e o seu Útero..
...

A mulher moderna, a mulher comum, regra geral e na sua grande maioria, completamente aculturada encontra-se alienada de uma parte importantíssima de si mesma: ela está totalmente desligada da sua natureza instintiva do seus aspectos ctónico e telúrico e age meramente de acordo com um modelo mental restrito que a sociedade patriarcal lhe impôs, uma mulher estereotipada, sem profundidade, diria mesmo sem alma. Porque social e psicologicamente está presa a padrões e referência de mera utilização do seu ser ao serviço das instituições - casamento-filhos-casa-emprego - e que a põem à margem se ela não lhes obedecer - a mulher solteira, mãe só, ou mulher velha - quando  não servir os seus interesses e padrões! E se transgredir essas leis e padrões ela torna-se vulnerável e marginal ou converte-se na “prostituta” ou no mínimo na “cabra”...perseguida socialmente, descriminada... 
Todas as mulheres estão sujeitas a estes padrões, mesmo aquelas que se julgam libertas, emancipadas ou independentes, como dizia antes, porque quase todas nomeadamente as intelectuais ou eruditas, acabam adoptando o modelo dos homens, pensando como eles o que ainda é mais grave. Raras são as mulheres com consciência de uma identidade própria, de um feminino sagrado, de uma experiência transcendente ou mística de vida que as ligue de algum modo a Terra Mãe e à Lua e aos seus próprio ciclos...


A mulher para ser MULHER tem de encontrar a sua essência primeira há muito esquecida na sua feminilidade radical e na integração da Deusa que há em si. Ela tem de retomar as rédeas do Principio feminino e ser uma mulher inteira. Só quando a mulher unir as duas partes de si - que a igreja de Roma dividiu entre a santa e a prostituta - e não mais aceitar essa divisão do seu ser em duas, a amante e a esposa, a adúltera e a fiel, e a sua sexualidade se tornar sagrada tal como o seu corpo que é dádiva e nunca mais for “possuída” ou aceitar ser “vendida” (ou comprada), ela será realmente livre e dona de si!
rosaleonorpedro


O QUE SÃO OS MISTÉRIOS 

"Somente em um momento posterior, nos Mistérios Eleusianos, de Ísis e outros, é que os mistérios se voltam também para a questão da consciência na mulher e de sua autoconsciência; de acordo com uma característica essencialmente inerente à psicologia feminina, os primeiros mistérios ocorrem no nível da experiência directa, porém inconsciente. A mulher passa por uma experiência interior ao configurar uma porção da realidade, como “vida simbólica”, na qual não há a necessidade de se tornar consciente de qualquer um desses factores. Somente a intensidade e o teor emocional acentuado de sua conduta e, frequentemente, a confidencialidade da qual se vê revestida denunciam seu carácter de mistério.

O feminino, cuja essência procuramos discernir à luz das funções e dos símbolos do carácter elementar e de transformação, se torna criativo nos mistérios primordiais e assim actua como um factor determinante no inicio da cultura humana.

Enquanto os mistérios ligados ao instinto, envolvem os pontos centrais da vida feminina – nascimento, menstruação, concepção, gravidez, climatérico e morte -, os mistérios primordiais projectam um simbolismo no mundo real e assim transformam-no.
Os mistérios femininos podem ser divididos nos mistérios referentes à preservação; à formação, à alimentação e à transformação.
(...)

O grande motivo essencial dos Mistérios de Elêusis e, portanto de todos os mistérios matriarcais é a heuresis, a redescoberta de Core por Deméter, a reunião da mãe e da filha.

Esse reencontro significa, sob o ponto de vista psicológico, anular o assédio e o rapto masculinos e reconstruir a unidade matriarcal da filha e da mãe, depois do casamento. Isto significa que a hegemonia do grupo matriarcal _ legitimada pela relação da filha com a mãe -, que havia sido colocada em risco pela incursão do homem no mundo das mulheres e pela reacção destas àquele, é renovada e segurada nos Mistérios".

(...)
In “A GRANDE MÃE” de Erich Neuman

terça-feira, dezembro 20, 2016

A DESTRUIÇÃO DA MULHER...




Onde está a verdadeira mulher?

A sua beleza natural e sem artifícios? Porque sofre a mulher esse bombardeamento sistemático sobre a sua dita feminilidade, a sua imagem? Porque tem a mulher de recorrer a todos esses artifícios de imagem e moda para se sentir e "SER MULHER" segundo um padrão do homem?

Creio que todo este ataque a mulher natural serve para esconder a verdadeira mulher de que os homens e o Sistema tem medo - o poder intrínseco da mulher, o poder que está dentro dela - então para que aconteça esta alienação do feminino ontológico, a mulher é "educada" - formatada - despersonalizada, alienada para não lhe ter acesso naturalmente e deixa desde logo em menina, de confiar em si, desacredita do seu potencial, duvida da sua aparência, sente-se inferior e esvaziada para assim COMPRAR TUDO O QUE LHE É VENDIDO.


A mulher sustenta em nome da "beleza" fictícia os milhões de empresas milionárias e industrias assassinas para se tornar igual e de acordo com a imagem que o homem quer dela, que os estilistas gays idealizam para ela...e assim ela faz tudo para agradar à IMAGEM que dela é vendida...
DESTRUINDO a sua natureza verdadeira - as mulheres não aceitam senão uma imagem de si que corresponda a esses estereótipos vendidos pela moda e os químicos etc. Magra, esquelética, sem seios, sem ancas, sem sangue, sem útero, sem ovários, sem idade etc. Depois veio o silicone: há que ter seios de vacas...bundas de porco? Essas são as Imagens que a Industria química e cosmética fazem da "MULHER" juntamente com a Moda e o Cinema - tudo em vias de DESTRUIR A UNICA E VERDADEIRA MULHER, a Mulher essência, a Mulher sagrada. Um guerra secular ...deste o inicio deste Sistema patriarcal que a mulher foi escravizada, explorada, comprada, casada/prostituída, violada e queimada nas fogueiras da inquisição e agora vitimas directas das industrias químicas e da moda...
RLP

CRIMES CONTRA NATURA



 AS ATROCIDADES QUE AS MULHERES COMETEM CONTRA SI MESMAS...com o conivência criminosa de médicos e da moda cujo conceito de beleza é aviltante e que destrói toda a feminilidade.

..."Sabemos que a mulher atual é um organismo geneticamente modificado ou resultante dum processo de seleção que nada teve de natural... Não é razoável pensarmos, acho, que um organismo concebido para gerar vida e albergá-la durante 9 meses, tendo de protegê-la para chegar a bom termo, em circunstâncias por vezes tão desafiadoras, fosse fisicamente menos forte e capaz que o macho da espécie..." Luiza Frazão

"Observamos, ao longo dos séculos, a pilhagem, a redução de espaço e o esmagamento da natureza instintiva feminina. Durante longos períodos ela foi mal gerida, à semelhança da fauna silvestre e das florestas virgens. Há alguns milénios, sempre que lhe viramos as costas, ela é relegada às regiões mais pobres da psique. As terras espirituais da Mulher Selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas ou queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros.”*


“Senhores, a mulher, a descendente do paleolítico e do neolítico, a nossa fêmea e nossa deusa, o ser que chamaria de mulher do homem, e que já não sabemos o que é, foi perseguida, atingida em seu corpo físico e em seu corpo mental, e devolvida ao nada!
Senhores, o ser que chamamos de mulher não é A mulher. É uma degenerescência, uma cópia. A essência não está aí, a nossa alegria e a nossa salvação não estão aí"...Chamamos mulheres a seres que dela não têm senão a aparência, tomamos em nossos braços imitações de uma espécie inteiramente ou quase destruída."**

* CLARICE PINKOLA ESTEES

**André Van Lysebeth, Tantra, o Culto da Feminilidade

sexta-feira, dezembro 16, 2016

A MULHER INTEGRADA


A MULHER COMO PROJECTO:

"(...) É um trabalho grandioso a ser feito. Isto leva-me a pensar e obter resposta a uma pergunta que me fazem muitas vezes que é se tenho projectos. Sim, tenho. Eu sou o meu projecto. Cada uma de nós é o seu próprio projecto." (uma leitora) Zélia Cristina


Eu escrevo sobre a mulher em geral, basicamente sobre a Mulher em si, tendo em vista a mulher integral, a mulher que de alguma forma busca ser inteira e juntar as partes de si que foram separadas e que correspondem a estereótipos que a sociedade patriarcal criou para melhor dividir e manter a mulher fragmentada, frágil e dependente do homem e ao seu serviço.
Durante muitos anos falei da Deusa Mãe, na Deusa na Mulher...e de um  passado histórico que foi branqueado e dizia respeito a Sua Gloria e Poder na Terra...
Escrevi sobre a urgência de restaurar uma consciência do Feminino Sagrado, do poder e da importância dessa Grande Deusa Mãe na História, e como Ela foi banida da religião e filosofias e da cultura ocidental pelos patriarcas.

Falei e escrevi  principalmente e desenvolvi essa visão da cisão da mulher em duas...dessa divisão na psique da mulher e em como por essa razão a mulher sofreu todo o tipo de aviltamentos e foi explorada e usada ao longo dos séculos, como objecto de prazer e de reprodução apenas, baseando-se nessa cisão-divisão. Falei e escrevi como as mulheres foram anuladas e coisificadas pelos homens,  reduzidas as esposas e concubinas, vistas  ora como "santas"  umas e as outras - as que não se submetessem ao casamento e a lei do homem consagradas a família e aos filhos, sem voto na matéria - as putas,  por não terem um senhor ou um dono, nem posses, seriam assim condenadas a  prostituição logo à partida...as mulheres pobres e solteiras...as mulheres criadas em casas senhoriais engravidadas e abandonadas pelos patrões a quem roubavam os filhos (e criavam filhos bastardos ou filhos da puta..).
Muitas escritoras, antropólogas e activistas contribuíram para que a Deusa voltasse à consciência da Mulher e assim, avançámos neste caminho da Deusa...Toda essa informação circulou e difundiu-se de forma exponencial. As mulheres de todo o mundo contribuíram para isso e muitos movimentos e círculos de mulheres se formaram nesta ultima década...

Mas algo se perdeu...algo falhou...mais uma vez a Matriz de controlo se aproveitou de todos esses movimentos para os desviar e dar um cunho superficial e  artificial, criando em paralelo grupos e círculos cujo interesse é na verdade dominar e controlar as mulheres, usá-las e mantê-las na ignorância de si mesmas através de uma aculturação (orientalização ou recuo a sociedade indígenas e práticas antigas) desses mesmos rituais e cultos que foram  outrora apanágio de liberdade e consciência. Muitas mulheres se aproveitaram disso para se servirem a elas nos seus propósitos egoístas e comerciais...perdendo-se assim o sentido do sagrado e a consciência do verdadeiro propósito. E tal como dizia ontem uma amiga:

"As teorias de uma espiritualidade new-age vão gradualmente infiltrando os seus tentáculos no redespertar do Sagrado Feminino. De cada vez que se abre uma rede social lêem-se breves frases que actuam como um lenitivo nas dores da Mulher mas que não oferecem cura profunda nem inflexão de consciência. A formula é repetitiva: "torna-te a Deusa que és" , "Eu sou como a Deusa", sem alongamento no que é a Deusa ou a Mulher e na relação que uma pode ter com a outra, menos ainda na tarefa persefoniana de ter uma vaga ideia do que se é sem longa análise entre muito tempo perdida em labirintos.

Escreve Jean Shinoda Bolen em "As Deusas e a Mulher Madura":

"Se meditares acerca de uma deusa ou imaginar um diálogo com ela, esta parte sábia de ti torna-se mais consciente e acessível na vida do quotidiano. Aquilo que tem o nosso foco, tem a nossa energia. Aquilo que imaginamos que vai acontecer, precede o nosso desenvolvimento.
Quanto mais quisermos conhecer um arquétipo de mulher sábia, tanto maior a probabilidade de que ele surja em nós; e quanto maior for o número de mulheres interessadas neste processo, tanto maior será a certeza de que o arquétipo da Deusa voltará à nossa cultura."-
 Ananda Krishna Lila



É evidente que uma coisa não existe sem a outra, mas a enfase e o foco hoje deve  estar na Mulher em si e na Consciência que ela deve despertar e não tanto em servir a Deusa ou seguir qualquer ritual ou culto antigo...
Embora todas essas manifestações possam estar ligadas, para mim urge neste momento esse acordar da consciência feminina em cada mulher, a mulher moderna,  pois trata-se da mulher como individuo, a mulher de per se, individualmente, e dentro do contexto em que a mulher actual vive o que mais me interessa. Por isso penso que apenas repetir ritos e vestes e costumes do passado já não me faz muito sentido embora possa ser importante para muitas mulheres começar por ai, pelo exterior  - porque é belo e dignificante e revelador para a mulher participar de grupos de mulheres se isso for vivido a partir do coração, mas mais importante que tudo isso para mim, é a Mulher ACORDAR em si mesma, para o seu potencial de mulher integral, a mulher iniciada por natureza (por isso foi dividida, para não ter acesso a essa consciência) que só tem de despertar por e para si mesma,  e unir as partes de si que foram fragmentadas e ultrapassar a cisão que a dividiu em duas mulheres antagónicas (a santa e a puta)...pois é isso que a Deusa faz: UNE AS MULHERES DENTRO E DEPOIS FORA. Une as partes cindidas e torna a mulher integral e una em si mesma. Só assim poderemos ultrapassar a dicotomia que nos estrangula e sufoca e nos faz viver umas contra as outras como reflexo da nossa divisão intrínseca...
Por isso o meu trabalho reside como FOCO na consciência psicológica, no saber de si...sem o qual a mulher pode saber muito da Deusa...mas nada de si mesma!

É preciso unir estas duas formas de saber...

Por todas essas razões hoje  interessa-me muito mais agora uma Consciência emergente dessa  Deusa Viva manifestada na mulher como agente de um mundo em decadência, do que as Deusas do passado  ou os seus  altares, a Deusa como mero culto e ritual; interessa-me  sim a Deusa como fonte de consciência na Mulher, da mulher activa e desperta que age neste mundo e faz a diferença pela sua consciência. Eu sei que me repito, mas é preciso enfatizar isto...

Portanto, como pergunta a minha amiga, "O que falhou, uma vez que o movimento existe? Faltou a profundidade da consciência, que é sempre o facto sine qua non. Falham os mantras, as terapias, as orações de e pela paz, a arte, porque no fundo essas experiências elevam-nos o ego de forma momentânea, são uma transfusão de esperança, mas quando esgotada a experiência voltamos ao estado de alma anterior- ao desgaste do quotidiano e ao embate da realidade da vida." **

Sim, falhou a integração desse saber...não houve um verdadeiro despertar...
Compreender isto é fundamental...sem esta compreensão, todos os discursos e as teorias ou as melhores intenções podem ser muito bonitas mas na prática acabam quase sempre em divisão e antagonismo...porque não houve qualquer mudança nem despertar da consciência.
As mulheres sem essa consciência de si enquanto mulheres também acontece que ao agruparem-se tudo o que acabam por revelar a curto prazo é o seu antagonismo e rivalidades. Sem essa consciência e trabalho feito dentro, sem essa coesão interior,  esse amor da mulher por si mesma, o que acaba por se manifestar nos grupos e nos encontros de mulheres, são os complexos e traumas de mães e filhas e irmãs que umas e outras reflectem sobre as outras e ao fim de pouco tempo odeiam-se todas...ou vão formar outros grupos com desconhecidas para se afirmarem na sua descompensação emocional e psicológica.

Ressalvo sempre mulheres sérias e honestas que fazem um trabalho de pesquiza e de estudo muito sérias e dedicadas...mulheres de alma e fé, com trabalho feito, adultas e responsáveis, mas o que eu mais vejo ao meu redor é tacita e taticamente as mulheres unirem-se em grupos (e grupúsculos) umas contra as outras, disfarçadas de deusas e buscando protagonismo e importância...

Para além disso temos de ter em conta que a mulher em geral, a mulher comum, essa  continua presa e condicionada à sua família, ao casamento, ao homem e aos filhos ou a sua afirmação social - profissional...isso é que o seu centro e a sua vida, mesmo mal tratada ou porventura abusada, humilhada, continua a alimentar os outros que a exploram  (muitas vezes maridos e filhos) e as deixa exangues e a si desprezam-se, submetem-se ao Sistema aos padrões, e desprezam igualmente as outras mulheres à sua imagem - acusam-nas de tudo, desconfiam delas...não querem saber senão do seu enredo e da sua grandeza ou miséria...das suas dores e prazeres e não se abrem a uma verdadeira consciência...mas eu falo das mulheres que por suposto querem e dizem querer
DAR UM SALTO de consciência, fazer a diferença, DIZER NÃO ao que as esmaga e inferioriza, seja o marido, o filho ou o patrão, o irmão ou o pai...isso ela não faz...


 Seja como for sem essa consciência da sua cisão-divisão o mundo feminino, como diz este autor que citarei de seguida,  sem o equilíbrio emocional ..."o iniciado"...neste caso devia dizer, a mulher, a iniciada ...pode criar uma ilusão de iluminação e o seu mundo pessoal desmoronar-se...

“No mundo feminino, a evolução do iniciado poderá cair completamente se as emoções e os sentimentos deste último não forem suficientemente equilibrados. Dito de outra maneira, nós não podemos simplesmente continuar a avançar sobre a via da iluminação se nunca chegarmos a um certo equilíbrio emocional. Sem amor nem compaixão, e sem um corpo emocional de boa saúde, o mental humano pode até fazer-nos crer a todos que tudo está bem. Ele pode até criar a sensação que o adepto chegou mesmo á sua iluminação, enquanto na verdade todo o seu mundo pessoal se desmorona.”***

*** in Drunvalo Melchizedek – O antigo segredo da Flor da Vida

*

quarta-feira, dezembro 14, 2016

FALSOS ANJOS...


O ERRO DAS CANALIZAÇÕES


"Me ouça: aquele que sofre não é você.
A dor é uma capa, uma camada, uma crosta que envolve o seu Ser, porque você se identificou com a dor e com o sofrimento. É uma vestimenta ruim que você escolheu vestir.
Libere-se da dor e deixe de se identificar com ela. Lembre-se de que você é um Corpo de Luz. Você é puro Amor. Você é Deus/Deusa manifestados na Terra."*
...
O problema é que para que o ser humano comum atinja esse Corpo de luz que ele é em essência, ele tem de evoluir na terra até ao ponto de consciência de si em que separa e se desidentifica dos seus corpos ditos "inferiores"...ou seja, o corpo físico, o corpo mental e o corpo astral e passar então para o corpo etérico e búdico (e espiritual) que já não sofre - mas enquanto "ligado aos corpo inferiores" - e aí está o drama das pessoas new age -, por pensarem que com dois seminários de reiki são luz pura manifestada e não fazerem o trabalho que devem fazer com os seus corpos - a tal vestimenta - ...é aqui que as canalizações e os anjos nos enganam a nós terrenos...ENGANAM E ILUDEM porque nos falam de um mundo de que à partida só com muito trabalho de dentro, meditação a sério, sinceridade e evolução interior, caminho percorrido etc. se consegue aceder e nem todos o conseguem...e tudo isso para fugir do sofrimento e da dor que é uma condição sine quo non de consciência na terra - non  cogitat qui no experitur -  E se assim não fosse nasciam todos/as anjos e anjas e nem precisaríamos de um corpo de carne e sangue...é aqui mesmo que reside a grande armadilha do "iluminado"...e de toda essa praga de mensagens do além ou de outras dimensões...

RLP

E tal como diz Marguerite Yourcenar num seu livro: “É impossível pensarmos nas adjurações da sabedoria alquímica que introduzia igualmente a fisiologia no coração do conhecimento: Não aprender, mas sofrer. Ou uma formulação latina análoga Non cogitat Qui non experitur “

*Arcanjo Sandalphon, através de Tania Resende."

Não se enquadre nem absorva imediatamente o que se diz como certo ou errado.

Á PARTE A ASTROLOGIA

Este texto mostra bem o caos social e intelectual e "espiritual" a que chegamos nos nossos dias e o difícil que é sair dele...quase ninguém se distingue de ninguém...TODOS dizem o mesmo os do bem e do mal...encontrar a verdade é mais do que nunca encontrar uma agulha no palheiro e separar o trigo do joio, cada vez mais difícil, uma tarefa árdua e bem complexa...mas  uma tarefa que se impõe e de forma derradeira.
rlp

"Hoje, às 22h05min (horário brasileiro de verão), a Lua atinge o ápice da lunação sagitariana, com Mercúrio (dispositor da Lua) em Capricórnio conjunto a Plutão e quadratura com Júpiter (dispositor do Sol) que, por sua vez, está em plena oposição com Urano, sextil com Saturno e entrando em quincunce com Quíron. Em outro ângulo, Saturno entra no circuito Sol-Lua (em conjunção com o Sol), e os três fazendo quadratura com Quíron. Além disso, a Lua estará em pleno trígono com Marte em Aquário.

Palavras cortantes, porém curadoras. Literalmente o ambiente é de vômito total, as revoltas e indignações atingirão níveis praticamente incontroláveis, em algum nível. A quadratura em T Sol-Saturno-Lua-Quíron, com Lua em trígono com Marte e Vênus em Aquário, é uma hora em que, por um lado, os eternos “bonzinhos” ou hipócritas têm que começar a deixar que a máscara caia, para que mostrem um pouco a sua humanidade, descendo de um “trono de perfeição” (e pretensão) com que muitos de nós somos ensinados. Por outro lado, isto também afeta os falsos líderes, neste atual mundo que, além de termos que lidar com um mundo de opressões, cobranças em ser o que não somos, viver da forma de não queremos, ainda por cima somos cobrados a atingir um nível sobre-humano de ser perfeito em tudo: se você não é feliz o tempo todo, é porque você não está “atraindo da forma correta” a abundância; se você não tem o amor que quer, é porque não está cuidando bem do corpo, do espírito, precisa cortar aqui, restringir ali, enfim, seguir à risca o manual do “espiritualmente correto”. Comer carne? Nem pensar! Viver do sistema? Falha! Em outras palavras: quantas pessoas “comuns” às vezes são tão tolerantes, dialógicas, realmente “espiritualizadas” e quantos que se dizem “espiritualizados” ou “elevados” são verdadeiros tiranos, manipuladores e tão fundamentalistas quanto os que eles chamam de “não abertos para a espiritualidade”?

Preocupar-se mais com o próprio caminho, de forma silenciosa, humilde, discreta, quase invisível, em vez de virar mais um “vigilante de comportamentos”. O próprio Facebook, como outras redes sociais, confirmou o que o filósofo francês Michel Foucault descreveu, já nos anos 50 e 60, como a “sociedade da vigilância mútua dos costumes”, da docilização e estandartização dos corpos (todos malhados, operados cirurgicamente, saindo de uma mesma forma), e o massacre que ocorre em cima de quem não segue na mesma linha hegemônica de costumes¹. Mas QUEM ESTÁ ENQUADRADO, DE FATO? Quem é capaz de dizer que “segue a cartilha” corretamente? Pois digo: os oriundos dos que seguem comportamentos rígidos, querem parecer “bonzinhos demais”, moralmente corretos, formadores de regras, destes vieram os piores ditadores em todos os tempos. Na continuação do pensamento de Foucault, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han nos fala sobre a “sociedade do cansaço” - em um livro homônimo², ele diz que a sociedade, além de ter as velhas explorações e abusos naturais do capitalismo e do sistema de vigilância mútua já descrita pelo filósofo francês, ainda vários sistemas de pensamento levam o indivíduo a se “treinar” para atingir uma “excelência” pessoal, um sistema autoculpabilizador, poderíamos dizer até “espiritual-meritocrático”, se tornando um “tirano de si mesmo”. Ou seja, explorador e explorado se tornam personagens cada vez mais difíceis de serem diferenciados.

Os livros de autoajuda, os profissionais do “supere-se”, etc, vendem diversas “fórmulas de felicidade eterna” - “seja o seu Deus! Consiga tudo o que quer! Não conseguiu? VOCÊ É LIVRE!”. Byung-Chul Han chama a isto de “liberdade paradoxal” - você é “livre”, mas acaba virando vítima das próprias cobranças feitas a si mesmo(a) – sorrir nas fotos, a “coerção de felicidade” que é cobrada e autocobrada o tempo todo. Basta ir a um lugar de entretenimento e você verá um monte de caras entendiadas, mas que o rosto se ilumina num sorriso brilhante, montado e congelado, em uma “selfie” que passará pelo crivo dos “analistas de felicidade alheia”. Já experimentou tirar uma foto sem rir?

Pode contar que, em poucos minutos, alguém perguntará se você está bem, ou “onde está o sorriso?”
E o pior de tudo: os “profissionais da felicidade” (que são, na verdade, os chefes da “milícia da autocobrança”) entram em ação, os disparadores de fotos maravilhosas massacram os que sofrem, os que estão em pânico ou depressão profunda, porque, de alguma forma, não conseguiram “cumprir as regras”, não se adequaram, enfim, fracassaram em atender às expectativas deste rolo compressor esquizofrênico, chamado de “sociedade neo-liberal ou pós-moderna”.

Outra doença a que estamos atrelados: o paradigma do sofrimento – tudo que é “bom” envolve batalhas, sacrifício, renúncias, enfim, nada pode vir pela via fácil. Afinal, um dos mentores espirituais mais famosos teve sua mensagem deturpada e transformado em um mártir, pregado em uma cruz, como uma lembrança de que não podemos atingir o céu sem sofrer ou morrer.
Ou seja: este momento é o de prestarmos MUITA ATENÇÃO a todos os sistemas de crenças que estamos proferindo, às nossas palavras, tanto opiniões sobre o mundo e as pessoas, quanto a nós mesmos. Hoje a palavra-chave será ELEVAR A PALAVRA AOS CÉUS. Direcione uma oração a quem você acha que necessite, peça compreensão e sabedoria para perdoar, perdoe-se pelos seus erros e escolhas, AGRADEÇA MUITO, enfim, use a palavra como elemento curador. FAÇA A PALAVRA ANDAR, CONVOQUE AFIRMAÇÕES DE PODER, pois só as palavras sagradas curam o veneno dos maus pensamentos. Não se cura discórdia com mais discórdia, ressentimento com mais provocações, e assim por diante. Do ponto de vista espiritual - se sua visão lhe traz ainda mais peso e cobranças, se lhe torna mais rígido ou, por outro lado, lhe cria um torpor, um alívio, relaxamento e felicidade histérica, pense nisso: talvez esteja na hora de, pelo menos, questionar sua relação com este sistema de crença e encarar suas reais motivações egocêntricas com este caminho. Para encontrar nossa realidade interna, precisamos derrubar várias camadas de falsas noções de si e de tudo, vários véus, e isto causa um rebuliço inicial muito grande, uma sensação de enorme desconforto, até que, finalmente, consigamos entrar em sintonia com algo que está para além das pobres e limitadas noções de “bem” e “mal” que nutrimos.

Para de ouvir todo mundo, e se escutar. Recobrar a fé em si mesmo – o bom mestre faz descobrir a mestria que todos tem, DO SEU PRÓPRIO JEITO, com amor, doçura, compaixão e respeito de limites. Não se enquadre nem absorva imediatamente o que se diz como certo ou errado. Inclusive o que digo aqui. Confie um pouco mais em sua própria sabedoria, com um pouco mais de (auto)crítica, com menos paixões e mais distanciamento. A desconfiança dos próprios instrumentos que usamos para perceber a realidade é um dos princípios da postura filosófica. "


¹ FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 35ed. Petrópolis: Ed Vozes, 2008.
² HAN, Byung-Chul. Sociedade do Cansaço. Petrópolis: Ed. Vozes, 2016 (2ª impressão).
Por João Marques cividanes

terça-feira, dezembro 13, 2016

DA NECESSIDADE DE UMA TEOLOGIA FEMININA...



AS MULHERES QUE SE PENSEM AGORA MULHER
(E NÃO FEITAS PELA CABEÇA DO HOMEM...)


"A mulher e o homem são universos separados com pontos de encontro ao nível da complementaridade funcional. A emoção e a inteligência operam a um nível diferente. A inteligência da mulher está sobretudo na emoção e a do homem na lógico/matemática. Para a mulher será impensável tomar uma decisão sem equacionar o todo, enquanto o homem resolve qualquer questão como um bloco separado. Isto faz com que para o ...homem a mulher pareça louca e pouco inteligente e, à mulher, o homem parece frio e calculista. A mulher pensa em termos de sobrevivência de grupo, o homem pensa em sobrevivência genética. Um homem emocional é chamado de homem efeminado e uma mulher com pensamento estreito é chamada de mulher-macho.
Para lá da contradição, e sobre o que estávamos a falar, é por isso que acho que se deve valorizar e realizar uma teologia em linguagem feminina. Não penso que uma poderá anular a outra. E, será a vez da mulher ser conhecida enquanto pessoa...a mulher não é conhecida enquanto pessoa mas apenas enquanto uma construção da mente do homem."


Ananda Krishna Lila

SABER É SABER...



MULHERES DE VERDADE


"O dilema é este: nós as mulheres, somos prosaicas, sobretudo quando somos naturais. É próprio daqueles que são delicados e frágeis o serem terra-a-terra, porqu...e isso lhes dá a impressão de estarem mais protegidos. A realidade protege mais do que os sonhos, do que as coisas imaginárias."


Agustina Bessa-Luís
In "Dicionário Imperfeito"

segunda-feira, dezembro 12, 2016

AGRANDE PROSTITUTA É O HOMEM



OS HOMENS SÃO TODOS  PROSTITUTAS...
e fizeram da mulher a prostituta, uma vitima do Sistema patriarcal.


Em latim, "prosto ere" significa "expor para vender" ou "colocar à venda". Por causa disso, a expressão passou a ser usada para identificar as mulheres que eram expostas à porta dos lupanares, templos e outros lugares de negocio. Mais tarde, a palavra foi sofrendo alterações nas mais diversas línguas latinas, até dar origem, em português, ao "prostituta".

Perante a etimologia latina vejo-me na eminência de me questionar sobre nós, os bem quistos, os bem nascidos, bem formados, bem pensantes, em fim ....todos os "bem"....!
Depois recordo a figura mítica de Maria Madalena e de todas as Marias Madalenas desta vida.
Vem-me, também à memória "A Prostituta Respeitosa " de Sartre.
Então paro e escolho as esquinas da vida e as ruas mal iluminadas.
Quem lá vive não quer enganar ninguém.... é o que é: alguém a quem TOD@S pusemos à porta dos nossos templos, lupanares e lugares de negócios.

(Luis Tobias)

O SISTEMA É UM BORDEL...

"O filósofo, desiludido dos sistemas e das superstições, mais ainda perseverante nos caminhos do mundo, deveria imitar o pirronismo de trottoir que exibe a cria...tura menos dogmática: a prostituta. Desprendida de tudo e aberta a tudo; esposando o humor e as idéias do cliente; mudando de tom e de rosto em cada ocasião; disposta ser triste ou alegre, permanecendo indiferente; prodigando os suspiros por interesse comercial; lançando sobre os esforços do seu vizinho sobreposto e sincero um olhar lúcido e falso, ela propõe ao espírito um modelo de comportamento que rivaliza com o dos sábios. Não ter convicções a respeito dos homens e de si mesmo: tal é o elevado ensinamento da prostituição, academia ambulante de lucidez, à margem da sociedade como a filosofia. “Tudo o que sei aprendi na escola das putas”, deveria exclamar o pensador que aceita tudo e recusa tudo, quando, a exemplo delas, especializou-se no sorriso cansado, quando os homens são, para ele, apenas clientes, e as calçadas do mundo o mercado onde vende sua amargura como suas companheiras seu corpo."

Emil Cioran

PERDA DE ALMA



ENTROPIA DA CONSCIÊNCIA

"Um abaixamento do nível da consciência, uma condição mental e emocional experienciada como uma “perda da alma”. É um afrouxamento na intensidade da consciência que é sentido como falta de interesse, tristeza ou depressão, e que as vezes acontece de forma tão intensa que simplesmente toda a personalidade se desmorona perdendo assim sua unidade. Entre as causas que a provocam estão a fadiga mental e física, o adoecimento do corpo, emoções violentas e choque traumático restringindo a personalidade como um todo. ENTROPIA DA CONSCIÊNCIA.


Acontece com pessoas que foram uma grande personalidade em outras reencarnações, no presente não suportarem o peso sob influência do seu passado de sucesso, as condições de agora são diferentes, os meios de vida são outros, mas seu coração pulsa por lugares distantes, isto é um consolo." (perdi a fonte e o autor?)

Penso efectivamente que há feridas da encarnação que nunca serão saradas...e ficam sempre como no mito ou lenda de Kiron ou seja, há na nossa memória (ADN?) registos de grandes dores e sofrimento infligido à nossa humanidade sobretudo como mulheres noutras vidas e de que trazemos registo...portanto creio que muitas dessas depressões e tristeza  são incuráveis e impossíveis de integrar ou até consciencializar, pois serão elas que marcarão o nosso destino de forma incisiva e nos forçam ou (des)motivam a ser quem somos - um ser maior apesar de - quando ultrapassamos a vivência meramente egotica e pessoal-social para nos tornarmos mediadores de algo...digo que há coisas que nos marcam e têm um propósito (selar ou pagar dividas cármicas) e nos tornam singulares...seres únicos, tando no sucesso como no insucesso.
rlp

sábado, dezembro 10, 2016

mães e filhas


Mães e filhas...

"Acho que todas as mães e filhas são velhas amigas no plano da alma, e que estamos aqui para nos ajudar a dar amor, aptidões e disciplina a estas partes de nossas personalidades que adoptamos ao nascer para evoluir mais plenamente. Uma vez que cada uma nasceu com dons e desafios diferentes, nenhuma das duas vai ter exatamente a mesma ideia do que é certo ou o que é melhor. Mas podemos trabalhar com vista a uma relação de toda a nossa vida em que cada uma seja o  suporte da plena evolução da outra, independentemente da fase da sua vida ou da sua idade.
Eu não tenho um poder superior ao das minhas filhas e nunca o usei. Dei-lhes o que eu era capaz de lhes dar, tal como a minha mãe me deu a mim. O que fazem elas com este legado agora depende delas em íntima relação com as suas almas."*

- Digamos que eu concordo com as premissas da autora...elas são muito dignas e correctas, mas bastante idealizadas -  no caso das mulheres mal amadas e ignorantes, mães sem educação, completamente aculturadas, submetidas a maridos violentos ou abusivos, a situações de vida precária, pobres e sem nenhuma auto-estima, como poderão elas ser esse suporte?  Umas vezes são mães prepotentes e abusam do seu poder, até pela violência, como podem ser totalmente vazias de qualquer sentido de vida e educação ou nobreza de carácter...esta moda de avaliar as coisas como se todas as mulheres fossem da "classe média" ou vivessem em mundos relativamente ricos...em que as mulheres são respeitadas, é quase uma obscenidade, pois a grande maioria das mães no mundo e mesmo na Europa civilizada, vivem na miséria senão económica,  na miséria moral e mental. Às vezes eu penso - de que mulheres falam estas mulheres tão inteligentes...sim certamente há uma ligação de almas e um carma...mas que mulheres sabem disso à partida - tirando uma minoria privilegiada? Não, nem preciso ser "comunista", basta ter discernimento...e ver em que mundo vivemos hoje!

rlp
*Christiane Northrup - médica e escritora americana  - autora de vários livros sobre a Mulher

Bruxas





"As temidas bruxas medievais seriam, na verdade, simples mulheres camponesas, que por viverem em intenso contato com a natureza, eram conhecedoras das ervas medicinais, que podiam tanto curar como também matar. Conheciam as ervas abortivas e contraceptivas, o que as permitia exercerem livremente sua sexualidade, fato que por si só já era considerado crime e pecado. Possuiam uma cultura pré-cristã, e a crença em deusas e deuses pagãos, sendo por isso identificadas como hereges pelas autoridades eclesiásticas."


in lua negra

Tudo é Ela...



O PODER DA MÃE DIVINA...


..."Siga a sua alma e não a sua mente, a sua alma que responde à Verdade, e não a sua mente que se lança sobre aparências; confie no Poder Divino e Ela libertar...á os elementos divinos em si e os moldará todos numa expressão da Natureza Divina.

A mudança supra mental é uma coisa decretada e inevitável na evolução da consciência da terra; pois a sua ascensão não está terminada e a mente não é o seu último cimo. Mas para que a mudança possa chegar, tomar forma e perdurar, é necessário o chamado de baixo com a vontade de reconhecer e de não negar a Luz quando ela vier, e é necessária a sanção do Supremo, de cima. O poder Tudo é Ela, porque todos são parcela e porção da Força Consciente divina. Nada pode haver aqui ou em outro lugar a não ser o que Ela decide e o Supremo sanciona; nada pode tomar forma excepto o que Ela, movida pelo Supremo, vê e forma após lançar em estado semente em sua Ananda criadora. mediador entre a sanção e o chamamento é a presença e o poder da Mãe Divina. Somente o poder da Mãe, e não um esforço e tapasya humanos, pode romper a tampa e arrancar a cobertura e moldar o vaso, e trazer para baixo, para este mundo de obscuridade e falsidade e morte e sofrimento, Verdade e Luz e Vida divinas e a Ananda do imortal"

Shri Aurobindo

os seres humanos?



AINDA...

Estamos tão longe da verdadeira vida, a que brota lá do fundo, que gera gestos puros e emoções genuínas, que transformam... Estamos tão longe das pessoas reais e de nós mesmos...como estamos longe da natureza e das árvores e plantas e animais...porque os animais e as flores que amamos as convertemos ao nosso habitat e os animais os mantemos prisioneiros que como nós são escravos das nossas contingências de mercado ...e do dinheiro...
Nós pervertemos a natureza, o mar e o ar...e convertemos tudo em aparência,  fatos de treino...em exibição de músculos, corpos de silicone, em joggings e desporto, tudo competição...
Hoje, acordei com uma enorme nostalgia de uma vida vivida à volta do fogo e ao vento... rodeada de seres humanos e não zombies...


(escrito em 2012)
rlp

quinta-feira, dezembro 08, 2016

mulheres de verdade...




HONRO AS MULHERES DE VERDADE


"Não sou completa, não. Completa lembra realizada. Realizada é acabada. Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo. Eu vivo me completando... mas falta um bocado." - Clarice Lispector


Eu sei que é muito difícil abordar e focar os aspectos da nossa incompletude, a nossa divisão intrínseca, os aspectos mais difíceis do nosso ser mulher fragmentada e em busca de si, quando há para ai tantos grupos e mulheres "iluminadas" apenas a falar do lado divino e belo e doce e fantástico da mulher e dos seus dons e cheias de receitas e palavras positivas e tudo é só amor...sororidade e beleza...mas que na verdade não dizem nada...apenas alimentam a fantasia e a farsa new age. 

Mulheres com nomes santos e orientais, todas já muito realizadas a tratar do divino e do altíssimo...e tu lês e lês e lês e não sentes nada...e tudo isso só incentiva a mulher a fingir e a ficar com medo de não ser o modelo de virtudes e a calar as mágoas, as dores e as raivas, mesmo quando falam da Mulher selvagem...ela acaba sempre por se render e submeter aos pés do companheiro ideal que a compreende e a eleva aos céus e ao samadi ou do mestre, muito feliz e realizada...
Como costumo dizer é fácil seguir caminhos perfeitos, idealizados, espiritualizados, citando frases lindas de mestres e budas ou santos do passado. E...sim, é bem mais fácil ficar contente com palavras que  animam e trazem esperança, palavras bem falaciosas, bonitas, que falam de gratidão e perdão etc. e que trazem o amado de volta...ou o príncipe encantado, o amante sonhado...

E elas são todas Kuan Yin's, Virgens Marias sem pecado ou Madalenas arrependidas casadas com Jesus...Citam Osho, Rumi, Jesus, Buda, Lau Tse...Confúcio...

Desculpem-me o incómodo, o bater da tecla...mas isto nada tem a ver com o Sagrado Feminino!
Na realidade sinto que o meu papel sempre foi muito ingrato...desmontar desmistificar, denunciar todas essas mentiras que parecem verdades é mesmo muito ingrato e doloroso...não fosse haver algumas mulheres realmente mais conscientes que me acompanham neste caminho de verdade interior e que  veem a farsa e fazem a diferença e são reais, acho que há muito teria desistido de escrever. Obrigada por isso às mulheres lucidas e corajosas que conseguem dizer a sua verdade sem medo de não serem esses anjos fantásticos do bem e santas de trazer por casa...
rlp
MÃE...
(...)
Vem e embala-nos,
vem e afaga-nos,

...
Vem Soleníssima
Soleníssima e cheia
De uma oculta vontade de soluçar,
Talvez porque a alma é grande e a vida pequena,
E todos os gestos não saem do nosso corpo
E só alcançamos onde o nosso braço chega,
E só vemos até onde chega o nosso olhar

Vem, dolorosa,
Mater-Dolorosa das Angústias dos Tímidos,
Turris-Erbúrnea das Tristezas dos Desesperados,
Mão fresca sobre a testa em febre dos Humildes,
Sabor de água sobre os lábios secos dos Cansados.
Vem, lá do fundo
Do horizonte lívido

Beija-nos suavemente na fronte,
Tão levemente na fronte que não saibamos que nos beijam
Senão por uma diferença na alma.


(excerto da Ode à noite de F.PESSOA)


MÃE

Mãe - que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio,
E com as mãos piedosas ate o frio
...
Do meu pobre existir, meio partido...

Que me leve consigo adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
da clara luz do seu olhar querido...

Eu dava o meu orgulho de homem - dava
Minha estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava,

Descuidada, feliz, dócil também,
Se eu pudesse dormir sobre o seu seio,
Se tu fosses, querida, a minha
mãe!

ANTERO DE QUENTAL

quarta-feira, dezembro 07, 2016

MÃE


Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei.
Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado!
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens!

Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.

Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão pela minha cabeça é tudo tão verdade!


ALMADA NEGREIROS

A PALAVRA INTOCÁVEL


A PALAVRA

"Eu bem senti, desde há muito tempo, que as palavras que os seres humanos trocam não passam de um longínquo reflexo de uma emoção às vezes impossível de formular. Por melhor que sejam ditas ou pronunciados, as palavras são apenas confusos balbuciamentos de adolescentes vaidosos, gagos do coração como eu ou deficientes. A verdadeira e intensa, a palavra intocável, é o mistério daqueles que tocam o absoluto. "

- Alain Cadeo, "cada segundo é um sussurro"