O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, fevereiro 15, 2018

UMA MULHER É UMA MULHER



A MULHER NÃO TEM GÉNERO...

ELA É MULHER, ELA NASCE MULHER - mas enquanto não se consciencializar de si como tal, unindo as duas mulheres cindidas pelo patriarcado, dividida há séculos entre a santa e a puta e enquanto  não for uma Mulher inteira de novo, uma mulher integrada, consciente de si e dessa cisão ela continuará a ser apenas um subproduto do Sistema patrista, de um lado a esposa...e do outro lado a prostituta...e as suas variantes modernas incluindo o travesti...Mas sem que a mulher se consciencialize da sal Psique e da sua ontologia para ser Mulher inteira ela nunca terá  nem liberdade nem integridade e vai continuar a sua busca de identidade no obscurantismo religioso e ideológico patriarcal, ou inserida no quadro académico em que está atada a ideias e conceitos, filosofias e psicologias masculinas e machistas e misóginas que falam dela e a definem ao longo dos séculos, que a secundarizaram e colonizaram como mãe e amante. Enquanto a mulher não  se "desemaranhar" de toda esta teia secular patriarcal, de domínio do Homem e da própria semântica...pese embora e o digam os homens - todos serem dominadas pela mulher, e nós admitimos que de algum modo é verdade, pois todos nascem de uma mãe - porem e no caso da mulher ela busca-se no vazio do homem que a inventa que a recriou e a projectou intelectualmente para ser...SEM NUNCA SE ENCONTRAR A ELA MESMA E A VERDADEIRA MULHER. E continuam a ser os homens a querer definir a mulher á força, condenando-a como mulher e ou sublimando-a como Mãe enquanto que as feministas em geral, as marxistas, essas mulheres sem alma, sem essência a querem uma mulher igual ao homem.

Por isso digo que é urgente que a mulher se diga que a mulher se conte que a mulher se encontre!

Penso, tal como Natália Correia que como mulher o disse com mais nenhuma mulher em lingia portuguesa o disse:

"Acho que não vale a pena a mulher libertar-se para imitar os padrões patristas que nos têm regido até hoje. Ou valerá a pena, no aspecto da realização pessoal, mas não é isso que vem modificar o mundo, que vem dar um novo rumo às sociedades, que vem revitalizar a vida.
A mulher deve seguir as suas próprias tendências culturais, que estão intimamente ligadas ao paradigma da Grande Mãe, que é a grande reserva, a eterna reserva da Natureza, precisamente para os impor ao mundo ou pelo menos para os introduzir no ritmo das sociedades como uma saída indispensável para os graves problemas que temos e que foram criados pelas racionalidades masculinas.
É no paradigma da Grande Mãe que vejo a fonte cultural da mulher; por isso lhe chamo matrismo e não feminismo.
É aquilo a que eu chamo o cansaço do poder masculino que desemboca no impasse temível do tal equilíbrio nuclear que criou uma situação propícia a que os valores femininos possam emergir, transportando a sua mensagem."

NATÁLIA CORREIA, in Diário de Notícias, 11-09-1983

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