O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, maio 07, 2018

LEI ETERNA



"A lei eterna é a de considerar e aceitar tornar-se aquilo que se é, sem uma noção teórica disso que se é […].

Aquele que viaja para se divertir, ou para obter uma coisa que não traz consigo, viaja para se afastar de si próprio e envelhece mesmo sendo jovem: eis o estilhaçamento da temporalidade própria de cada um: aquele que vai ter com as ruínas ancestrais, sem ter mais nada para dar a não ser o vazio da sua curiosidade, acrescenta ruínas às ruínas.”

".... ter viajado tanto para chegar àquela que esteve sempre ao seu lado, chegar ao mais próximo de si, obedecer às intimações da proximidade. É que a exigência de viver no presente - e, portanto, acima do tempo ou no seu coração mais secreto - é a condição do esclarecimento de que a alma não é viajante: “onde ela se encontra, encontra-se o dia” (p. 37).

"A alma é luz: cada ser basta-se a si próprio se responder às “exortações para ficar em casa, para entrar em comunhão com esse oceano interior”. Não ter contratos mas proximidades, agora citando a passagem completa: “Que cada um saiba que, doravante, não obedeço a nenhuma lei senão a eterna. Não quero outras obrigações senão as da proximidade” (p. 44).



Maria Filomena Molder
Telhados de Vidro n.º 20, Lisboa, Averno, Setembro de 2015

Sem comentários: