O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, maio 08, 2018

MINHA ALMA


Minha alma ergueu-se para além de ti...
Tive a ânsia de mais alto
— abri as asas, parti!
Judith Teixeira

"Quero confessar, pois, á vossa inteligência, que toda a luxúria em que ritmei certas attitudes nos meus poemas representa sobretudo a forma mais pomposa e elegante que poderia corresponder a uma atitude interior mais comandada pela Arte do que pelos avisos duma moral que uma sociedade se cansa em recomendar aos outros á força de a infringir.
Vivi nas horas dessa ardente concepção, esta luxúria, que era a forma de minha Sinceridade.16
(...)
Para os que reduzem a vida a um sistema de simulação e mentiras, desde os actos mais íntimos do seu carácter até á negação duma dívida na mercearia vizinha, o público, é o seu pânico irreprimible. Parece que a estas boas almas que o público lhes lê nos olhos o forro torpe da sua vida.
Desta minha alta concepção dos processos morais da existência, desta minha singular lealdade de «afirmar», nasceu, pois, o desacordo entre mim e a Maioría."

JUDITH TEIXEIRA - Escritora portuguesa vanguardista dos anos 20

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